Cheguei em casa era quase 21:00 horas estava muito cansada e tudo que eu queria era tomar uma ducha quente e ir dormir, mas a vida não poderia ser tão simples, como de costume eu fui logo para a cozinha preparar a janta e o almoço do dia seguinte,afinal seria um dia especial mas a casa estava muito quieta, chamei por ele varias vezes mas a única coisa que eu ouvia era o vento que estava a balançar as folhas da ameixeira e eu fiquei ali, a observar as suas pétalas dançando no ar ao som da orquestra de grilos e rãs que moravam próximos ao lago, este que já havia ficado rosa de tantas pétalas que cortavam suas águas escuras.
Quando me dei por conta já tinha até esquecido da maldita dor de cabeça que me deixou inquieta o dia todo e as horas de sufoco naquele trabalho infernal.Eu sai da frente da janela e subi as escadas de madeira, a cada degrau deixado para trás ela rangia e para piorar as coisas meus pensamentos rangiam juntos trazendo dúvidas e me deixando aflita de tal forma que por todo percurso a uma frase dominava qualquer tentativa de me controlar :por quanto tempo esse silencio vai me atormentar?! Eis que como um soco me veio a resposta...
Logo que pisei no ultimo degral eu pude escutar uns grunhidos, naquele momento era a unica forma que eu poderia descrever o que ouvi, continuei a caminhar apoiando a mão na parede para não tropeçar naquelas maldidas ratoeiras que o inspetor insistiu em colocar.Quando cheguei ao fim do corredor pude ouvir com clareza aquele estranho som, não eram grunhidos, eram gemidos procedidos de estalos, eu parei por alguns segundos e meu coração parecia ter parado de bater, senti um frio na espinha e quando dei por mim já estava correndo como uma louca,meu cenho estava bruscamente franzido mas não me importei com futuras rugas, continuei a correr em direção ao único quarto que estava com a luz aceza , o meu quarto!.Ao abrir a porta a única coisa que eu conseguia fazer era chorar descontroladamente, e ele tentava se explicar enquanto ela continuava deitada com o cobertor escondendo o seu objeto de trabalho, foi então que as lágrimas pararam de cair, foi nesse momento que me controlei e corri até o criado-mudo, ele tentou me conter mas já era tarde demais,nessa hora ele chorava e pedia perdão dizia que me amava e que havia bebido demais,mas eu não isse nada, não havia mais nada a dizer , eu apenas sorri com o efeito do meu batom vermelho sangue , o preferido dele, e nos meus olhos havia um certo um ar de satisfação, nas minhas mãos, apenas o presente de casamento que escolhi com tanto carinho,uma mini lamborguine cromada para colecionadores e então ele parou na minha frente e continuou a balbuciar algumas palavras,não me lembro quais foram, apenas peguei o meu celular tirei uma foto dei de costas e sai de casa sem chorar,sem arrependimentos,sem culpas só havia compaixão em meu peito e a certeza que foi bem melhor ter seguido em frente que ter pegado o revolver calibre 38 que ele guardava no criado-mudo e os matado a sangue frio.